sábado, 28 de maio de 2011

"Debaixo das ondas"

A ira é uma emoção que estraga seres humanos. Estraga relacionamentos, estraga sentimentos, desgasta até se dizer o velho "não dá mais". Não dá mais...

E uma das cantoras que melhor singulariza isso é Fiona Apple, taxada como "garota emburrada", quando ela talvez não passasse de uma menina frágil e emocionalmente abalada. E este texto diz muito a mim, e toma muito dela como referência, já que me visitou quando ouvia Sullen Girl, da própria Fiona.

Ele é sobre perder a calma. Perder a calma.


Debaixo das ondas

Eu não fui uma criança emburrada
Para não aceitar o amor
Que você jura me ter
Nem fui mal-educada,
Se for esta a questão
Que assusta sua pose cansada

Mas eu fui feito de raiva
Muita, mas muita raiva
E sua latência estranha exala
De mim
Nas mais singelas
Das gotas,
Das gotas derramadas...
Sigo criando maremotos,
Mesmo que sejam desprezíveis,
E assustem somente os pequenos
Que querem beber
Desta água

Forjei totalmente minha calma
Incutindo-a em minha alma...
Eu sei, mais uma rima barata
Eu sei, a alma não é calma
Pois ela rasteja de raiva...
Ela tem ódio
Quer sangue,
Agüenta-se
Em suas palavras
Eu sei, de novo as palavras
Eu sei, o tempo as apaga
Só elas, porém,
Me suportam
Só ela afagam
Esta raiva

Por elas,
Eu sei,
Ela passa
Mesmo que volte,
Uma hora, tudo dela passa
E esta certeza me faz
Aceitar o seu amor,
Se for isso que você me guarda
Eu aceito o seu amor
Eu não fui uma criança emburrada




"And there's too much going on... But it's calm under the waves, in the blue of my oblivion"

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Inconsciência"

Existe satisfação na dor? Pode existir... O prazer e a dor parecem-me extremos da mesma coisa, de nossos sentidos. E quando você perde um pouco de sua consciência, neste justo divisor de águas, talvez se confunda dor com prazer. Por isso, acho que por isso, este texto se chama "inconsciência". Sobre o que se descobre, quando em inconsciência.

Inconsciência

Gentilmente,
Sinto uma parte de você
Dentro de mim
E seu movimento me machuca,
Machuca-me com tanta doçura
Que, nisso,
Existe prazer
Você age como meu dono,
O dono a quem possuo,
E eu sou seu sujeito,
Seu desejo mais obtuso
É gentil a forma de me tratar,
E de me permitir chegar...
De ter receio em continuar,
Quando sabe que eu alcancei
O estado de não mais pensar

Onde é bom estar...
Não pensar

Talvez,
Nesse momento,
Você seja capaz de me captar...
Num rosto de olhos virados,
Sobrancelhas quase cerradas
E têmporas arroxeadas,
“Viole(n)tadas”,
O que escondo consegue fluir
Ao nada de sua consciência
Hedonista e encantada
Nesses segundos,
Você ocupa um espaço discreto
Onde não existem palavras
Mas não se confunda,
Por este não ser meu mistério
Ou segredo...
Meu lugar secreto
Sou eu mesmo

Só não tenha medo

(Não lhe quero mal)
Não tenha medo




"But the darkest pit in me is Pagan Poetry."

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre se esconder - "Alguém"

Olá, pessoal!

Hoje decidi postar um texto antigo, acho que de 2009, e que trata simplesmente de segredos. Acredito que qualquer um de nós encontra satisfações nas coisas que decide fazer, independente se elas nos farão bem ou não. E se esconder do mundo, até de si, é uma perda de tempo, ainda que, de alguma maneira, isso se torne viciante. É justo este vício que tento retratar em "Alguém". Alguém que se perde de si; torna-se apenas "alguém".

Alguém


Certas coisas jamais serão vistas
Não estarão prescritas em sua testa,
Como se fossem uma bula,
Capaz de alertar sobre
As curas e perigos
De sua natureza colateral...
Sim,
Minha criança,
É natural

Certas coisas exigem
Uma hipocondríase tremenda
Para serem notadas,
E delas tiramos
As lições mais sagradas
Deus quem as povoa,
Sem o cinismo
De fingir ser
Uma pessoa menos datada

Somos todos pessoas datadas

E eu acredito
Naquilo que é visto,
No que é perdido,
E em coisas que nunca
Se permitirão
Encontrar um caminho
Não importa se a culpa
É minha ou deles,
Mas todo o segredo
Tem um charme decisivo
Para mantê-los
Consigo

Por isso guardamos
Até omitimos
Segredos são intensos
Demais
Para não querê-los
Consigo

(Comigo)

Consigo

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"O suave tecido dos lírios"

A capacidade de adentrar, ser penetrante, sempre me seduziu. E não sei se tomei isso para mim como uma vontade, ou se é de fato um traço de personalidade, mas de alguma forma sempre me senti nessa posição. Pode ser ilusão, eu posso simplesmente me manter dentro de mim mesmo quando estou dentro dos outros... Mas enfim, pensar assim me faz divagar sobre quem sou, quem quero ser, ou já quis.

O mais surreal da minha experiência foi ter percebido que minha condição penetrante soa completamente paradoxal. Porque eu acabo me adaptando às pessoas e circunstâncias, dou espaço para elas me dizerem o que souberem de si. Nessas horas, nem sei se me perdi. Mas é algo que ainda guardo aqui.

Penetração ou adaptação? Esse é um movimento sem fim?

"O suave tecido dos lírios"


É líquido

O que escorre,
É líquido
Assim vai a alma,
Volta a si,
Como o líquido mais vasto e contido
Como ser vasto e contido?
É líquido

Aos poucos,
Evapora
Etérea é a forma dos sonhos,
Por isso,
Evapora
Mas sonhos,
Vertidos em realidade,
Nunca são perfeitos
Acreditar que serão é decepção?
Algo me diz que pessoas vivem
Em seus sonhos
Porque só neles
São líquidos

É líquido
Não sólido

E me atenta
O líquido,
Ainda que seja
Sólido nosso coração
Por mais que quisesse
Em solo
Me transformar,
Ser líquido
Faz de meu desejo
Um impenetrável
Penetrar
E assim me quero
Assim me adoro
Como líquido,
Diamante,
Dou-me valor,
Acho-me glório

Então,
Beba-me,
Amor
Antes de ser um homem,
Seja maior,
O amor!
Por ser líquido
O que me pertence,
E a você
Eu pertencer...

De quem?
De quê?

(É líquido...)

Para quê?

domingo, 15 de maio de 2011

"Continuidade" - sobre nós, os cidadãos do mundo

Confunde-me um pouco pensar em como as várias realidades humanas congregam-se em torno de um mundo só. Somos tantos, e não só em número, mas nas diversas maneiras de se expressar e se buscar durante a vida. Dentro de uma cidade existem diferenças gritantes. Dentro de um bairro também... Até dentro de uma casa, dentro de um dito lar, as pessoas podem divergir em seus interesses a ponto de que a solução e torná-la duas. Dois em um... Um em dois. Normalmente, uma situação dura.
Confunde-me ainda mais pensar que o conflito é mais interior que exterior, e que às duras penas vou assumindo meus esforços em ser íntegro e justo, enquanto vejo pessoas que não dão importância a essas coisas, que digo. Digo que não dão importância porque o conflito é algo instintivo. Não se foge dele, apenas se esquece para depois ele voltar, incontido. Mas como nos fazer unidos? Como juntar partes e, mais importante, fazer com que elas se coordenem e se tornem úteis, dentro da cidade, dentro do bairro, dentro da casa ou somente de si?
Perceber que o mundo é contínuo em relação a nós mesmos, eu aposto nisso. Perceber que de nossos segredos eles podem não saber, mas no íntimo sentem, e quando você menos espera, vê que todos puderam também ver. Acreditar que a verdade é o melhor caminho, e começar a conhecer alguém pelo que você considera haver de similar entre vocês. Talvez se partíssemos do fato de que todos somos seres humanos, e como seres humanos apresentamos infinitas formas, mas conteúdo parecido, pudéssemos encontrar o que há de proximidade entre aqueles que estão conosco. Os que estão comigo. É boa a ideia de andar pelas ruas do mundo imaginando o quanto cada lugar tem um pouco de nossas virtudes e vícios. É justa a ideia de andar pelas ruas do mundo e reconhecer que, no mais íntimo de mim, há um pouco daquilo tudo que vejo, provo, ouço... Sinto. Antes de não entender uma língua, entender uma voz. Antes de destinar uma sina, surpreender-se quando o rio chega em sua foz. Antes de amar sua vida, amar a vida de nós. Pois nós somos nós. Antes de seu eu se afirmar como eu, você foi nós.
Mas não é uma solução o que falo, não quero que seja isso. A solução está em viver, e aprender algo com isso. Espero não estar errado, ainda que seja meu risco... Quero ser cidadão do mundo, entendê-lo como seu filho.

Continuidade

(Para os cidadãos do mundo)

E por mais diferente que seja
O aspecto onipresente,
O mundo de lá de fora é uma
Extensão
Do mundo da gente
Vejo em fotos,
Em olhos
No que me mostram,
Inconscientes...

O mundo de lá de fora é uma extensão do mundo da gente

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O ceticismo

Uma dos sentimentos mais patentes a circundar um momento ruim é a descrença. Você se torna uma pessoa cansada, doente, incapaz de tirar motivação de nada, puramente nada. Descreditar a roda da vida, atribuindo estagnação a tudo, é outro sintoma de que as coisas estão ruins... Você acaba deixando-se de lado, e, como acredito já ter dito, o mundo trata de fazer as mudanças que se deveria controlar... Ou, pelo menos, tentar.

Estes dois textos tratam de forma sucinta de quando eu me vi desacreditado perante às circunstâncias. Não são textos exatamente tristes, são mais céticos, incapazes de encontrar em si próprios razão para continuar de pé. De qualquer forma, a morte é acompanhada do ceticismo, independente de que morte falamos, de que sorte estamos perdidos. É isso.


Papel branco


Enquanto os sinos tocavam
E a estrada andava
Sobre este carro vermelho,
Pensava em quanto
Os tortos sinais de lá
Não indicam caminho algum,
Já que o amarelo apenas
Chamava a atenção
De tais donos,
Em sua egoísta nobreza
Acho que a estrada
Ainda corre sobre nossos
Veículos,
E as formas de expressão
Possíveis
São aquelas mais inverossímeis

Não acredito em amarelo,
Nem em minhas canetas


O coreto quebrado do Senhor Duque

E desisto

Abdico de minha
Crença
Em tudo o que
Escrevíamos antes
Pois,
Meu caro senhor,
Agia como
Um charlatão
Que pouco conhece
As cartas
Salvas,
Em sua mão,
Profetizando palavras
De um futuro
Próximo

Distante

Qualquer,
Sem grande emoção

Asfixio-me numa
Não-emoção
Que nos torna
Herói ou
Vilão
Por pouca visão
Apenas uma questão de
Visão




Can even see sweet Marianne...

terça-feira, 10 de maio de 2011

E sobre o dia 10 de maio de 2011...

Acordei super tarde, porque fiquei até bem depois da meia noite conversando com meu namorado. Como se não fosse habitual, rs, hoje nós completamos 4 meses de namoro, e o dia vem sendo extremamente gentil comigo. Se o amor dele não for motivo suficiente para vocês, leitores, o céu andou mostrando um pouquinho de azul depois de dias chuvosos e a Lady Gaga lançou uma música brega, oitentista, trabalhada no romantismo e com todas as promessas típicas de um começo de relacionamento... Coisas que eu AMO, pra variar... kkkkkkkk



"Cheguei ao Limite da Glória, e me seguro a um momento repleto de Verdade... Cheguei ao Limite da Glória, e me seguro a este momento, com você"

Olha, pode morrer?! Este post daqui é só uma forma de dizer o quanto eu amo você, Rodrigo, e que meu maior desejo é que essa sensação de juventude em estar a seu lado permaneça conosco, durante o tempo de nossa vida. Como diria a sábia Mary Copeland Amos, mamãe de Tori, o problema não está em ter um corpo velho, mas sim em ter uma alma velha. Então, isso valendo para todos nós, quando o corpo estiver velho e opaco, próprio do ocaso, que a alma continue brilhando como se fosse a manhã mais bela, do mais belo sol.

Parabéns pra nós, meu anjo!




(fonte da imagem: tumblr)

domingo, 8 de maio de 2011

"Mãe e filha"

Queridas e queridos, este texto é bem antigo, e foi escrito pensando nas duas mulheres mais lindas desse mundo: minha irmã e minha mãe. Na verdade, ele é dedicado mais à primeira, só que parte de sua essência tenta representar a doçura daquela que vive brigando comigo, mas que me ama como ninguém nesse mundo. Desejo a todos as mães e seus filhos hoje que lembrem de uns versinhos bem simples, mas muito sábios, da Legião Urbana: "Sou uma gota d'água, sou um grão de areia... Você me diz que seus pais não te entendem, mas você não entende seus pais... Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo! São crianças como você... O que você vai ser quando você crescer?"

Mãe e Filha

Há uma dama que me visita, às vezes. Sempre quando a vejo em minha porta, tenho vontade de sufocá-la num único abraço, e ela, por toda sua educada doçura, beija meus olhos e diz que voltará assim que eu estiver mais calmo...

Gosto muito de recebê-la em minha porta! E gosto mais ainda de sentir que, quando me olha nos olhos, ela passa a ser parte de mim, coisa de nostalgia.

Quem primeiro me falou dela foi minha filha, a garota que um dia foi de encontro ao vento e trouxe pétalas, para mim, numa brisa. Só para alegrar minha vida, para que finalmente aprendesse o nome desta dama que, às vezes, me visita, e, em alguns minutos, toma um trem e dá a partida... Por um adeus que a fazia querida, e um olá que a tornava ainda mais bonita!

Do jeito mais
Puro e livre,
Era essa
A dama
Mais bonita



És a mais bonita... Mainha.

"I can remember where I come from..."

sábado, 7 de maio de 2011

"Marianne", por Tori Amos

And they said Marianne killed herself, and I said, "Not A Chance".



Having thoughts of Marianne...

"Monogamia"

Pela reintegração do espírito repartido. E, antes de qualquer coisa, pela crença sincera de que isso é possível.

Monogamia

Começarei um caso de amor,
Sem rosas ou extremos à vista
Encontrarei minha outra parte,
Ela será a conquista
Vou buscá-la lá dentro,
Onde se escondem os monstros
Os monstros que a oprimem,
Com o terror de seus roncos
Atrás estou desta parte,
Desta, que agora me falta
Para com ela ser todo,
Tudo que agora me falta
Pois se me sinto sozinho,
Estou com as portas fechadas

Abrindo-as,
Talvez, quem sabe,
Eu encontre minha alma

Sim, esta parte dela
A que agora,
Só agora,
Me falta



"We can work this out! I believe, although it seems impossible now... Oh without a doubt, We'll work this out!"

Tardes cinzas...

Tardes cinzas me deprimem. Na verdade, essa desculpa era a melhor que tinha quando sentia o quanto estava desperdiçando minha vida. É nesses momentos que você percebe o quanto deposita sobre determinados pontos quase tudo que é você, mas esquece de ver que sua vida vai bem além, é feita de muito mais coisa. Enquanto você não percebe de verdade tudo isso, suas tardes continuam cinzas, porque assim você as pinta.

Por mais que chova lá fora, quando chove por dentro é que a vida perde sua destra e anda por aí, perdida.

Daí, as tardes, as manhãs, e até as noites mais escuras tornam-se cinzas. E nada gira; nada parece mudar em sua vida. Uma das coisas, porém, mais sábias que já ouvi é que se você não toma as rédeas de suas mudanças, o mundo trata de fazê-las por você. E você muda. Como diz a Aimee Mann numa das músicas que mais gosto dela, you really do. Mas eu não quero que este texto seja uma lição de moral... Só um retrato de um estado estacionário do qual não tenho motivação para sair. Querendo que alguém mais venha me tirar daqui, ainda que saiba que só meus pés podem fazer isso por mim.

Pois por mais que chova lá fora, quando chove por dentro é que a vida perde sua destra e anda por aí...

Perdida, por aí.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Predisposição"

Ao quê? Predisposição ao quê? Houve momentos em que essa palavra me assombrava de um jeito muito negativo, como se "estar predisposto" fosse "estar predisposto a cometer uma insanidade". Não falo de me matar, mas de não me importar. De esquecer quem me ama e, simplesmente, deixar para lá. A questão é que por mais predisposto que você esteja a fugir de seus problemas, eles vão lhe buscar... E você aprende que não haverá sexualidade libertina que lhe faça esquecer da falta de um lar. Foi isso que aprendi durante aqueles dias, sem lar.


Predisposição

Sinto que você
Cimentou
Sua dor
Em algum cômodo
De nosso lar,
E isto me sufoca
Ainda mais
Quando percebo que
As gavetas de meu
Quarto
Estavam vazias
Falávamos e falávamos
Sem pensar na
Gravidade de nossas
Palavras
Pois,
Naqueles dias,
Tínhamos o direito
De ser qualquer coisa,
Menos uma família
Feliz

Não sei o que nos é próprio
Desconhecendo tudo
O que era meu,
Até aqui
E sinto esta dor,
Cimentada em algum
Cômodo
Nesta casa
Esta pobre casa de tolerância,
Que não se importaria
Em observar
O fogo de minha
Sexualidade
Libertina

Libertina


quarta-feira, 4 de maio de 2011

As luzes de São Paulo e o calor de Manaus...

Nesses dois últimos meses, fiz duas viagens que foram muito marcantes para meu ano de 2011. Fui em março a São Paulo, para assistir ao show da Shakira, de quem sou fã desde a época em que ela cantava Estoy Aquí no Faustão, rs, e depois, em Abril, fui a Manaus para finalmente conhecer meu namorado ^^. Pois bem, percebi o quanto pego afeição a esses mundos, ainda que mantenha meu amor por Recife, e cada uma deles me deu um texto distinto.
"As luzes de São Paulo" foi uma expressão que surgiu de um diálogo que tive com um amigo, Moacir. Eles estava conversando comigo, um dia antes do show, e quando abri as cortinas no meu quarto, ele comentou: "o seu quarto é muito mais iluminado pela rua que o meu, lá é um breu!"; eu me viro para ele e digo: "é, amigo, são as luzes de São Paulo!". Nasceu a expressão que dois dias depois viraria um texto, tentando captar a doce saudade que senti de lá, ao voltar para casa.
Já "O Calor de Manaus", é até redudante falar... TODO MUNDO me dizia que a cidade é quente demais, sensação térmica acima dos 40º, e por aí vai. Não cheguei a pegar essa temperatura toda, ainda que o suor me contrarie, mas esse texto trata de outro calor que senti por lá... Leiam.


As luzes de São Paulo

As luzes de São Paulo
Vêm de todo lugar
Japão, Curitiba, Trindade,
Meu lar

São carros, são prédios
Que eu só vi lá
São gente que lembra
Da gente de cá

Andei por suas ruas,
Pisei com cuidado
Senti um respeito
Pelo céu cansado

Do sol que não queima
Da chuva que cai
Garoa que leva...
Lembrança que traz

E agora vou indo,
Num voo enfadado
Saudades já tenho,
Das luzes, São Paulo


O calor de Manaus

E desde muito cedo me falaram sem segredo
Para aguentar o calor abafado de
Manaus

Disseram-me ser tão quente que até ferro
Candente consegue ser mais suave que este
Sol anormal

Pensei, então, que ao chegar meu corpo
Iria fritar como de uma frigideira pra lá
Dos 60 graus

Mas qual não foi minha surpresa quando,
Por toda beleza, foi puro calor humano,
Do tipo que não faz mal!

Pois sim, agora agradeço a todos que me
Fizeram estar bem perto de casa, mesmo
Com a distância

Desde o amor que esperava, até a amizade
Mais calma, tudo me fez recobrar o sentido
Da esperança

Pois sim, estou mais tranquilo, achando
Maniqueísmo afirmar que daquele mundo
Não sai nada legal

É quente, eu admito, mas sei bem o que digo
Quando solícito afirmo, “Eu amo
O calor de Manaus”!

terça-feira, 3 de maio de 2011

"Sinceros Desejos"

Levitaremos sobre nosso peso, quando pagarmos o preço derradeiro.

Sinceros Desejos

E o que mais
Poderia falar sobre
Mim?
Como poderia
Lhe expor
Outras flores residuais,
Ou teciduais,
Sem me sentir
Distante destes
Passos,
Sem impor a você
Minha mais
Nova
Personalidade?

São as emoções
Que trago a mim
Diariamente...
Algumas tábuas
De carne para
Amaciar minhas
Têmporas,
E fazê-las suaves,
Ao toque dos mais
Risonhos parentes
Alguma incerteza
Ao falar sobre coisas
Tão oscilantes,
Ou uma maneira de
Fazê-lo perder
Seu tempo,
Apenas por
Mais uma aprovação
Inútil

Pois nós todos
vamos
À palidez...
Todos seremos
Bons mágicos, um dia
Em nome de algum
Velho desejo,
Ou de perder peso
Ó,
Inútil alegria

domingo, 1 de maio de 2011

Filosofando sob(re) luzes amarelas...

Queridas e queridos, fiz uma viagem ótima por esses dias, que me preencheu novamente com essa dita esperança, e isso fez com que eu interrompesse por alguns dias as postagens... Dessa vez, porém, vou retomar o tema do blog, minhas experiências, a partir do momento em que, digamos, eu conheci a morte.
Ao chegar no hospital, meu pai me dá a notícia. Estava com umas cinco pessoas que vieram comigo de Recife, e por todos os lados, era desespero. Painho, como o chamo, disse ter visto uma luz, como um raio, instantes antes de nós chegarmos... E de algum modo, ele sabia o que ela representava. Esses dois textos foram escritos dias depois do que nos aconteceu, mas tentaram captar um pouco daqueles primeiros momentos. Vocês vão entrar agora no reino das metáforas confusas, já que foi uma época em que, tentando ser rebuscado, eu escrevia coisas um pouco sem sentido... No entanto, o caráter emocional delas existe, e se quiserem perguntar, estou postando para conversar.
"Filosofias de um casal" é sobre meus pais... "Sob as luzes amarelas acesas", sobre mim.
Por enquanto, é isso.


Filosofias de um casal

E me dê
Mais 5 minutos
Para que
Perceba o
Que houve de
Errado em
Você
A razão pela
Qual estamos
Condenados
À morte
Ou porque esta
Sutil senhora
Nos é tão
Condenativa

Sinto muito,
Sim,
Sinto muito
Pelo amor que
Nos fazia
De refúgio
Pelas baleias
Que fugiram
Deste aquário
Ou pela luz
A luz que
O senhor duque
Viu com suas
Novas tendências
Apenas observações
Outras observações em
5 minutos.


Sobre as luzes amarelas acesas

E sobre suas contas,
Escrevo meu último documento
Sobre nossas alegrias,
Escrevo meu epitáfio em
Tom de lamento
Havia flores secas neste
Jazigo
E não sei se ficamos
Entregues a isso
Por sua rispidez,
Ou pelo doce detalhismo
Que salvava
E estragava
Cada dia
De nossas finitas
Vidas
Pois quando acreditava
No infinito,
Um buraco negro nos
Sugou
E contraiu
Um pouco mais
Este universo
Tudo porque
Assinei um último
Documento,
E você começou a falar
Sobre pequenas freiras,
Neste exato momento.

***