quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Dirceu"

Na época do colégio, por indicação da minha professora meio doida de literatura, tivemos de ler Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga. Para quem não lembra do livro, é a história de uma casal de pastores que vivem um romance cândido e bucólico, mas que por razões externas se veem separados e entristecidos.
Quando comecei a escrever esse texto, Dirceu nem tinha relação com a minha história (esta é menos dramática, rs), mas ao usar a palavra pastor, o personagem me ensinou que ele estava envolvido nisso tudo.
De alguma forma, Marília há de voltar. Por enquanto o que pode o amante fazer?

Pastorear e sonhar.


Dirceu

O som do vento soprado,
E da chuva sobre a janela,
Faz com que queira parar

Paro com o intuito de nada,
Como se fosse madrugada
Desperto por esperar

Agora que foste embora,
Mesmo sabendo que voltas,
Tenho um coração sem descanso

Vive de canto em canto,
Buscando mais vida em vida,
Pastoreando rebanhos

Pois quando estou a teu lado
Sou alegre e cuidador,
Sou pastor de ternas palavras

E quando for teu retorno,
Será meu alívio e consolo,
Terei de volta minha casa

Sim,
Ela só existe sendo a tua morada
Essa é nossa casa

Essa é minha casa




"And all my armor's falling down..."

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Desperate Kingdom of Love", por PJ Harvey

Oh, amor, você foi uma criança doente...
E como o vento pôde lhe abater...
Ponha suas esporas, e se vanglorie
No Desesperado Reino do Amor

Água Benta agora não vai lhe ajudar...
Seus olhos misteriosos, também não
Vender sua razão não fará você adentrar
No Desesperado Reino do Amor

Há outro me olhando,
Por detrás de seus olhos
Aprendi com você a me esconder
Do Desesperado Reino do Amor

E chegando ao fim deste mundo ardente,
Você permanecerá orgulhoso e de cabeça erguida...
E eu lhe seguirei, seja no inferno, seja no céu
E me transformarei, como uma garota,

No Desesperado Reino do Amor



ps.: fiz a tradução tempos atrás pro facebook, e deu vontade de postar aqui :).

domingo, 12 de junho de 2011

Curta: "Eu não quero voltar sozinho"

Minha amiga Karoll Karoinha passou-me via twitter o link pra esse curta metragem, de Daniel Ribeiro (canal do youtube), "Eu não quero voltar sozinho". Ele conta a história de um adolescente cego, Léo, descobrindo o que é se apaixonar. É um material suave, visualmente e em conteúdo, e acho que cabe muito bem para o dia 12 de junho.

Lindo!



"Apaixonado de namorado"

Pequeno conto do dia dos namorados

Eu sempre gostei de escrever sobre o amor. Mesmo quando não havia tanta paixão em meu coração, sempre o amor foi um tema recorrente. Falava sobre começos, sobre fins, sobre um durante que poderia ser extremamente satisfatório ou infeliz... Acho que vivi o suficiente para conhecer um pouco das cores da tarde, do cinza ao azul, como cantam as irmãs meio abiloladas do CocoRosie. Das tardes em que passei com meus ditos amores, aqueles que até já se foram daqui.
Então, decidi postar três textos de uma só vez, contando uma historinha que vai do fim ao começo. Da constatação do fim até o esplendor do começo, que perdura com o sentimento. Isso porque acredito no amor. Tenho razões, e uma pessoa nesse mundo inteiro, que me fazem acreditar no amor.

O fim - “Onde Estará O Nosso Amor?”
O recomeço - Do cinza ao azul
O começo - Noite feliz


“Onde Estará O Nosso Amor?”


Você repousa suas mãos sobre meu corpo
Descansa das coisas que fizemos,
E diz que de manhã será um bom recomeço

Nas cartas escritas para mim não existem mais reticências
E vejo seus olhos vezes opacos, vezes brilhantes,
Enquanto recupero suas palavras com os meus, arredios

Você ensina ao mundo que da doença
Do tempo não se pode curar
E não demora mais no banho, me esperando chegar

Você tem medo de esperar
Tem medo dos caminhos para onde
Meus pés podem levar
O coração que não deseja ficar
O coração que não mais pensa,
Apenas os instiga a andar

Os caminhos onde seus pés não podem pisar
Aonde seus olhos não irão me chamar
A chama que, para você,
Não brilhará

O que eu perdi,
E fui procurar


Do cinza ao azul

E a história recomeça,
Com um grito de “olá”
E uma chuva,
Forte à beça

A história recomeça,
Por um susto que atesta
A fumaça tão dispersa
Sem fumaça,
Sem promessa

A história recomeça,
Quando eu sei que lhe
Interessa
Bem me tem
Se bem me quer
Só preciso que me
Peça

E a história recomeça
Sempre, sempre recomeça
O meu morto coração
Virou fênix,
Desperta

Por você
A você
Não por nada que
Impeça

A história,
Como nunca,
Recomeça


Noite feliz

Quero passar a teu lado
Por dias silenciosos
Dias em que não digas
Me amar,
Ou me querer,
Ou me aceitar

Dias que invalidem
Todas as coisas
Que queiras falar
Pois,
Neles,
Serão teus olhos a gritar,
Para depois,
Num relance,
Suavizar
E tua boca a me falar
Apenas quando me beijar

Neles,
Quero somente
Te amar
E te querer,
Te aceitar

No silêncio de tuas palavras,
Quero entender as sílabas
De teu olhar

As sílabas de teu
Mais puro
Olhar

xxx

E pontuando, só porque hoje é dia dos namorados e o meu merece: Rodrigo, estar com você é não ter sequer um segundo triste; é entender porque minha vida resiste... É saber que o amor existe. O amor existe.

Hernando

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tori Amos, "For Mark", For Rodrigo

Esse post não é nem sobre o dia dos namorados mesmo, já que ele fala mais sobre uma data especificamente especial para mim e meu namorado.
E essa música não é sobre meu namorado, é sobre o Mark, marido da Tori, mas ela tem a essência do que eu quero dar a ele, e ser para ele.
Quero que nosso amor seja forte e indolor, como uma árvore deve ser.
Lembrando que dela, flores podem nascer. Florescer.

"As flores são tão belas quanto o amor
Mas elas não suportam o tormento
Sejamos como a árvore, indolor
Lutando e florescendo, em seu tempo"



"The Boy With The Blue Notions, Emotions..."

segunda-feira, 6 de junho de 2011

"A Cor Azul"

A vida é um livro inacabado, pelo simples fato de não termos tempo nem coração de a ela dar um ponto final.

A Cor Azul

Minha fome foi compensada
Pelo mar
E enquanto pisava
Em seu assoalho de areia,
Sentia meus pés caírem,
Trepidarem sem muito cuidado

Olhava para as nuvens
Procurando pelo
Avião,
O avião
Que lhe levara embora
Naquelas circunstâncias,
Porém,
Não era algo que
Doesse
Ou me lançasse
A uma incerteza
Desesperada...
Vi pipas planando
Sobre minha cabeça,
E percebi à medida
Que nos afastávamos
O quanto a distância
Era uma irrelevância

Sumiriam da minha vista,
Mas com o vento,
Continuariam
Sua dança

Decidi então abaixar os olhos
Para a retidão do horizonte,
Tentando mensurar
Com minha alma
Até onde o oceano
Poderia chegar
Ele definitivamente
Tinha um fim,
Tinha que se limitar!
Tinha que terminar...

“Mas não me cabia
Calcular”

Ocorreu o pensamento
Quando de longe o avião ia,
Em meu lugar
Prestes a sumir no horizonte,
Permaneci observando-o
Me deixar

“Mas não faz mal...
Ele chegará a algum lugar”

E de repente,
Eu pude parar
Irromper
Desta fatigada vigília
E,
Num mergulho
Profundo,
Parar

Além do que anunciavam seus sinos,
Ali era o meu mar
(Meu pai)
Meu mar



"I know you have a lot of strenght left"

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Planos e Paralelas"

Um dos meus versos prediletos de Tori Amos é "You Better Bring Your Own Sun". Traduzindo, porque quem acompanha o ToriBr sabe que eu adoro fazer isso, "É melhor trazer o seu próprio Sol", um verso simples e, ao mesmo tempo, extraordinário.

E por que decidi citar Tori antes de lhes apresentar o próximo texto? Não sei exatamente. Talvez trazer seu próprio sol seja só uma forma de firmar sua identidade. E nós, pessoas, sempre esperamos das outras a mais transparente verdade. Que ela seja nosso sol. E que eu traga meu sol.


Planos e paralelas

Quis tentar ao máximo
Compreender minha própria dor
Chamei-a de ódio,
De fúria, remorso, até
Amor
E assim fui angariando
Pedras que não têm valor...
Nem o suor que por causa delas
Gotejava,
Nada me tornara indolor

Então fui me achatando,
Raspando as arestas,
Tirando da testa
As marcas que eram de lá
Fui mergulhando no raso,
Satisfeito por poucos
Reparos,
Sofrendo uns poucos lapsos,
Aqui e acolá
Fui me tornando pedra,
Daquelas mais amarelas,
Inerte a suas vontades,
Inerte,
Em meu lugar
Assim deixando uma vida,
Como uma imagem partida,
Fala absenta de gíria
Numa foto envelhecida...

Algo tenho de fazer,
Para não me arredondar
Essa vida mediana
Está a me atropelar
Dei o carro da minha vida
Para outro o levar
Foi-se a hora de expulsá-lo,
E assim eu controlar
Tudo que não se controla...
Mas pelo menos tentar

Vou aguçar as arestas,
Meio quadrado ficar
E devolver à minha testa
O que o tempo quis
Me entregar
Não adianta ser frágil,
Quando eu quero alcançar
Atravessar a ponte,
Destruir o meu lar

Pois ele não é doce,
Não tente me enganar
Ele nem é agridoce,
Não vai me consolar
“Esqueça dessas coisas,
É hora de mudar”
Mudar eu sempre mudei...
Hora é de melhorar

Dar chance à minha vida
Construir o meu lar
Ser alguém a mim mesmo,
E depois do primeiro beijo,
Construir o nosso lar

Onde houver,
Haverá
(A beleza de existir)
Haverá



"Just enough for everyone"