terça-feira, 9 de abril de 2013

Há como se defender Marco Feliciano?

Tenho visto manifestações no meu facebook indicando uma certa predileção pela estadia dele como Presidente da Comissão de Direitos Humanos, e assim, não sei se as pessoas que estão postando isso são contra o movimento LGBT (suponho que sejam), mas espero que compreendam que a batalha que vem sendo travada para retirá-lo de onde está não é restrita a este grupo social. Feliciano ofende mulheres, negros e religiões diversas com suas declarações bizarras, e honestamente, se você julga que é uma batalha somente entre "os gays" e um "pastor evangélico", me desculpe, mas está muito enganado.

Feliciano é um completo contra-senso. Ele não tem o mínimo cacife para presidir uma comissão que é naturalmente voltada a defender aqueles que ele julga serem necessitados de submissão, conversão e, em último caso, cura, o que me faz discordar sem qualquer receio de quem o considere apto a estar onde está. Eu respeito a religião de cada um, não sou de ficar criticando a torto e a direito as escolhas espirituais que um ou outro toma, até porque convivo diretamente com evangélicos e sei que, havendo respeito, podemos ter uma relação tranquila. Mas peço a todos e todas que, antes de se mostrar um completo partidário dele, pensem se ele verdadeiramente representa seus anseios como cidadão de bem que deseja proliferar posturas positivas e de aceitação do outro, do diferente, em nossa sociedade já tão castigada.

E só mais uma coisa, um pouco mais específico à minha alçada: a expressão Ditadura Gay tem virado arroz de festa na boca de algumas pessoas... Se existisse essa tal imposição e opressão causada por homossexuais, porque isso é o que se pressupõe de uma ditadura, por que somos nós, os LGBT, que temos nossos direitos básicos negados em boa parte do país? Por que nós, os LGBT, ainda somos alvo de agressões físicas e morais, desde bem cedo, desde quando na escola sofríamos bullying sem qualquer razão aparente para tal? Por que nós, LGBT, fomos sempre relegados a espaços de guetos e até hoje somos alvos de opressão, na forma de olhares incisivos que podem evoluir para gestos mais violentos, ao mínimo sinal de afeto que demonstramos por pessoas amadas (que às vezes nem são nossos namorados/maridos ou namoradas/esposas)?

Vocês tem certeza de que essa suposta ditadura é gay?